Ficar nervoso não é, necessariamente, algo exclusivamente associado a inexperientes e inseguros artistas, é algo que está diretamente ligado a nossa profissão. Mas o que fazer para minimizar os danos que esses sentimentos podem causar em nossa performance?
O nervosismo, a ansiedade, o medo, a insegurança e outros vários sentimentos e sensações, costumam atrapalhar todos os dias a performance de milhares de músicos, atores, cantores, bailarinos, oradores e demais profissionais que precisam lidar diretamente com o público.
É necessário que o artista encontre ferramentas para se autocontrolar em frente à audiência.
A primeira coisa importante a dizer sobre essas ferramentas, é que o artista tem que estar cercado do maior número de informações possíveis sobre aquilo que vai apresentar (musica, cena, diálogo...), quanto mais souber sobre a mensagem que quer passar, mais seguro se sentirá sobre o tema. Além de saber informações e dados sobre aquilo que estamos comunicando, precisamos acreditar naquilo que estamos passando ao público, afinal, se não acreditarmos no que estamos “contando” quem acreditará?
Quando nervosos, temos o hábito de colocar no palco todas as movimentações extras possíveis, braços se mexendo sem motivo, andares desgovernados e movimentos sem nexo ou ligação com a “mensagem que queremos transmitir”. Limpe tudo isso, ao invés de lhe ajudar essas informações estão ocupando espaços desnecessários em sua mente e sujando sua performance. Menos é sempre mais.
Geralmente nosso nervosismo e/ou insegurança em relação à performance musical/teatral está ligado diretamente com o nosso medo de fracassar, de não sermos bons o suficiente, e está muito relacionado (reparem) no início de nossas performances e no final delas. Quando começamos uma música ou cena, nosso cérebro ainda está pensando e racionalizando sobre a opinião dos ouvintes, a qualidade do que estamos fazendo, as “consequências” de um desempenho mais baixo do que gostaríamos e etc... Depois de um tempo no palco nosso corpo então relaxa e nosso cérebro para de racionalizar sobre essas questões, permitindo que o meio da apresentação flua muito bem, no entanto quando estamos prestes a terminar voltamos a racionalizar, pensamos como será a reação do público, se haverá aplausos, se gostaram do que fizemos, no que a crítica dirá e por ai vai. Por isso, devemos sempre ter nos nossos inícios e finais de apresentações as nossas mais fortes pontes de apoio, necessitamos aumentar o estudo nesses trechos para nos sentirmos mais seguros com esses momentos.
Susan Jeffers diz em um de seus livros que é importante “Sentir o medo, mas enfrenta-lo”.
Conhecer e cercar-se de informações sobre o espaço, onde a apresentação será realizada e as condições acústicas do mesmo podem nos deixar bem mais seguros. Tente descobrir: Qual o tamanho do teatro (espaço)? , Qual sua acústica?, Minha voz projeta bem nele sem auxilio ou precisarei de microfones? Quais microfones (lapela, sem fio, com fio) usarei?, Onde são as entradas e saídas para o palco? , Por onde ficam os pontos comuns (como banheiros, camarins, bebedouros e saídas) mais próximos? Essas e informações tendem a nos deixar mais tranquilos e confiantes.
Algo que sempre parece ter o poder de baixar a resistência e a confiança do artista no palco é avistar na plateia pessoas indesejadas, isso acontece, o que devemos fazer é focar nas pessoas desejadas, aquelas que estão ali torcendo pelo nosso trabalho e pelo nosso sucesso, que sempre serão maioria.
Vá para o palco o mais pronto que você puder, alimente-se bem para ter energia no momento da apresentação, mas sem exageros, opte por uma alimentação mais leve no dia da apresentação e evite alimentos gordurosos, chocolates, derivados de leite, refrigerantes, cafés e produtos com cafeína. Fumar, pigarrear e tossir em excesso nunca contribuem para um bom desempenho. Ingerir bebidas alcoólicas antes das apresentações, ao contrário do que algumas pessoas acreditam não nos deixam mais seguros ou soltos, apenas fazem com que percamos parte do nosso autocontrole em cena.
Manter a concentração e fazer exercícios de respiração, relaxamento e um bom aquecimento ajudam a manter um bom nível de nossas performances.
Outra coisa importante é lembrarmos que as pessoas vão a nossas apresentações esperando assistir ao melhor desempenho. E é com isso que nós temos o compromisso, de entregar a elas o melhor, não o melhor do mundo, mas sim o melhor de nós mesmos, e essa entrega, se verdadeira, tocará o coração das pessoas e isso será o bastante.