segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A CONTINUIDADE CÊNICA NO TEATRO MUSICAL

Uma das coisas mais difíceis do teatro musical é manter a cena em meio a falas, canções e danças. Passar do registro “falado” ao “cantado” sem quebrar a cena e sem desperdiçar todas as tensões dramáticas criadas pelas relações com os demais atores em cena, com o espaço e com o público é algo a ser minuciosamente estudado e praticado por todos que pretendem fazer a diferença nos palcos.
Sabemos que a música em si (e por si) é capaz de acionar em todos que a estiverem ouvindo emoções a partir de memórias ou sensações que desperta. Mas no teatro isso tem um contexto e está “a serviço” de uma trama. A canção não realça ou atenua as relações entre as personagens, mas lhes dá continuidade progressiva, pois se trata da continuação da cena. Não deve ser tratada como o “transbordar” da emoção, pois isso rompe com o que ocorre antes. Mas é o ponto seguinte a ser atingido pelos atores para que a história aconteça e sem o qual ela não seria a mesma.

Fazer esse percurso do texto sem perder a conexão com o público exige alto domínio da cena e das situações que ela envolve. O que estou vivendo? Que tipos de conexões tenho com os demais em cena e com o espaço? Como tornar a fala e o canto o mesmo momento? Como ativar meu corpo-mente-emoção para esta cena como um todo? Estas perguntas nos ajudam a pesquisar diversas possibilidades para se fazer essa continuidade (não chamaremos de passagem, pois o objetivo é que seja contínuo).
Mesmo sendo de algo bem difícil, é o trabalho do ator e ele deve buscá-lo incansavelmente. Apenas para exemplificar, separo um trecho abaixo, da peça “Mamma Mia”, onde a atriz Kiara Sasso faz essa CONTINUIDADE com maestria. Percebam que as tensões que a levam para o início do registro “cantado” são as mesmas que ela traz do final do registro “falado”. Mais importante ainda é que ela mantém as intenções anteriores num crescente que o texto da canção exige.

E tudo ao vencedor!!!



4 comentários:

  1. O espaço deve ser bem utilizado pelo ator na hora da cena , e a continuidade de uma cena falada para uma cena cantada deve existir para que o ator possa passar a mensagem com a mesma intensidade e emoção sem que se perca a real intenção da cena !

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  2. Gostei muito da observação cadu !
    realmente , devemos nos atentar a essas transações e não só isso ,conseguir que a parte cantada não fuja da maneira como se estava sendo falado acho algo fundamental para que se mantenha uma linearidade .

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  3. Estou imaginando que não deve ser fácil a realização dessas transições. Conciliar a afinação da canção, o alcance das notas, a realização das ações físicas e ainda ter manter a dramaticidade e a comicidade da cena...

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