Falar
de aquecimento vocal é mexer em um assunto extenso e complexo que não poderia
ser resumido em apenas algumas linhas, mas devido as dúvidas mais frequentes
que tenho ouvido por ai, eu tentarei fazer um breve resumo sobre o caminho que
eu considero mais eficaz e adequado.
Quando observamos um atleta, seja
ele um jogador de futebol, um nadador olímpico, um ginasta sempre podemos notar
que alongar e aquecer faz parte de uma rotina preparatória e antecessora a
pratica.
Para nós cantores não poderia ser
diferente, temos que preparar nosso corpo para o canto que é, sem duvida, uma
atividade física/muscular.
Começamos sempre com o Alongamento do corpo (Braços,
pernas, cervical, clavícula, e costas) buscando a eliminação de tensões e
correção de postura. Sempre devemos começar a nossa prática alongando nosso
corpo, se o corpo está relaxado e sem tensões excessivas o corpo tende a
produzir um som relaxada e flexível, caso contrário a produção sonora será
rígida e tensa.
Em seguida partimos para o que
chamamos de aquecimento ATIVO, que vamos dividir em algumas partes.
A primeira delas é composta dos alongamentos dos músculos internos da laringe com exercícios que buscam aumentar o fluxo
sanguíneo local, estimular o funcionamento
das musculaturas e preparar o corpo para a carga que virá a seguir. Exercícios
de relaxamento da laringe e fortalecimento dos músculos Cricotireóideos
(CT) e Tireoaritenóideos (TA), entre outros, fazem parte desse grupo.
Não buscamos beleza vocal ou construção
de timbre nessa fase, estamos apenas condicionando e alongando a musculatura
interna.
Podemos seguir nosso aquecimento com
falsetes suaves e vibrações de língua e lábios, sempre verticais.
Por ultimo entramos nos famosos Vocalizes (exercícios vocais
acompanhados de piano que misturam vogais e consoantes de acordo com seus
objetivos), vocalizar bem depende de um corpo já preparado, sem tensões extras
e pronto para receber a carga vocal. Cada técnica, escola ou professor tratará
o processo de vocalização de uma forma.
Gosto de dividi-los nos seguintes
grupos:
- Preliminares:
Vibrações de língua e lábios em estruturas simples, seguindo para suaves bocca
chiusa’s (exercícios de boca fechada) e consoantes fricativas que permitem o
melhor ajuste glótico.
- Articuladores:
Buscam encontrar o Posicionamento da Voz, aqui o objetivo é fazer com que a voz
seja direcionado a um ponto articulatório alto e frontal. Volume e projeção não
são importantes nessa fase. Devem ser feitos sempre no meio da voz, nunca
subindo ou descendo demais.
- Vocalizes
de Construção das outras habilidades: composto dos demais exercícios que
procurem desenvolver e construir a voz como um todo. Vocalizes de legato,
flexibilidade, projeção, busca pelo espaço e afins. Neste momento o ideal é ir
adaptando as séries de exercícios de acordo com as necessidades de cada aluno,
afinal cada individuo é único.
- Vocalizes
de Impulso e Extensão: Nessa fase final do trabalho, com o instrumento
vocal bem alinhado e condicionado, avançamos para os vocalizes que buscam
desenvolver os extremos da tessitura, sempre de forma flexível.
É sempre importante e valido lembrar
que não importa a quantidade de vocalizes que um cantor faz por dia, mas sim a
qualidade e constância desses exercícios. Deve se buscar a qualidade vocal,
saber que cantar é um processo lento que envolve um engajamento e compreensão
do corpo como um todo.
Fazer os exercícios com consciência do
que se está fazendo é muito importante, sempre pergunte e questione seu
professor de qual a utilidade daquele exercício, o porque da escolha daquelas
formates e quais correções estão sendo trabalhados naquele momento, assim você
vai criando sua própria bagagem técnica e entendo o processo pelo qual você,
seu corpo e sua voz estão passando.
Aquecer previne lesões, constrói a
técnica e facilita sua aplicação no repertório.
Após a pratica vocal podemos, e devemos
desaquecer nossa voz, para não carregar o padrão da voz cantada para nosso dia
a dia, mas esse é um assunto que trataremos em breve.
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