Cenografia e Produção
Na semana da sua pré estréia,
pude conferir o brilhante espetáculo "O Homem de La Mancha",
produzido pelo Atelier de Cultura, em parceria com Sesi, Senai e FIESP.
O último musical que eu havia gostado por completo foi
"My Fair Lady", produzido em 2008 e dirigido por Jorge Takla.
Assim como "My Fair Lady", "O Homem de La
Mancha" possui grande harmonia em todas as categorias que costumo avaliar:
interpretação, canto, coreografias, cenografia, iluminação,
direção e adaptação.
Brilhantemente ambientalizado em um hospício
brasileiro dos anos 30, o diretor Miguel Falabella, foi mais feliz neste novo
espetáculo do que na adaptação anterior "A
Madrinha Embriagada". Além de trazer a história
para o Brasil, ele nos propõe a idéia de relacionarmos
Miguel de Cervantes ao Bispo do Rosário, dando mais nacionalidade ao espetáculo.
Algo que me chamou muito à atenção,
foi a concepção da cenografia e iluminação. Por isso fui
conversar com Gustavo Fló, assistente de produção
do espetáculo. Gustavo acompanhou a montagem desde as audições
e esta muito presente no cotidiano da montagem.
A cenografia foi concebida por dois cenógrafos
ingleses Matthew Kinley e
David Harrys, seu sócio.
Buscaram referências em livros que contavam como era
a vida dentro de um manicômio, livros específicos
de Hospícios.
Outra referência que usaram, a pedido de Miguel
Falabella, foram obram do Bispo do Rosário para criarem assim os painéis.
A estrutura do cenário é toda
em aço. O cenário foi todo construído e fabricado por alunos e
funcionários do
Senai de Lençóis
Paulistas. Foi trazido para São
Paulo e montado aqui, pela equipe técnica do espetáculo." - Conta o
assistente de produção.
Dentro do espetáculos há alguns
objetos que tornam a cenografia ainda mais interessante.
"Há algumas cadeiras de roda antigas, do anos 30, utensílios hospitalares, malas,
lixeiras, todos objetos característicos
de um manicômio.
Fui umas três vezes
em alguns Ferros Velhos para buscar esses adereços. Os hospitais não puderam nos vender ou doar porque alegavam risco de contaminação, então o jeito foi buscar no ferro
velho." - diz Gustavo Fló.
Outra curiosidade é que
todo o cenário é pintado à mão,
desde o chão até as paredes. Segundo Fló,
foi dada toda uma base de tinta cinza para depois realizarem um trabalho de
envelhecimento a cada item, para ficarem com um aspecto rústico
e se adequarem com a época narrada.
Há muitos aspectos que chamam à atenção
nesse grandioso espetáculo. Hoje falei um pouco sobre o que
normalmente não prestamos tanta atenção, mas que faz uma
enorme diferença para que uma montagem seja brilhante.
No próximo post conversarei com alguns
atores do espetáculo, para que possamos entender como
foi o processo da parte artística.
Não deixem de assistir, é impecável
e imperdível.
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