Num teatro essencialmente dramático, como é o musical, tudo
se dá a partir das ações das personagens que ao se friccionarem criam tensões.
Essas tensões podem ser desde amor verdadeiro ao ódio profundo, passando por
tudo que há de intermediário e indo além. É neste local de tensão justamente
que se dão as ligações da trama. Essas tensões, que já são dadas pelo texto, em
cena são dilatadas pelas ações dos atores e pelas novas tensões por eles
descobertas, criando uma outra e fundamental tensão: com o público.
Manter o público ligado a tudo que está acontecendo e ainda
emocioná-lo é sempre o objetivo. Isso se dá a partir das ações. Estudar o texto
e compreender todas as ações é fundamental. Todo trabalho do ator é sempre
envolto em ações. Ações pscicofísicas, ações vocais, ações coreográficas, ações
cênicas. Enquanto um ator está emanando seu texto (falado ou cantado) as ações
pscicofísicas podem desenhar suas intenções e reforçar ou contradizer as ações
vocais. Quero falar disso num outro post...
Vamos abordar aqui o trabalho daquele ator que não está
proferindo texto (falado ou cantado), mas para quem o ator que diz algo
direciona suas ações cênicas. Estou falando aqui de ações de resposta. Aquelas
que concordam, reforçam, discordam, atenuam, confrontam, enfim friccionam com
as ações emanadas por aquele que “diz” algo.
É muito comum assistirmos atores completamente imóveis
diante de outro que está dizendo algo a ele. Isso esvazia a tensão entre eles e
a tendência é que o público se desinteresse pela cena (já que a tensão com ele
também é esvaziada). Mas é de extrema importância que todos estejam “vivos” em
cena e sempre “preenchidos” por ações.
As ações daquele que escuta são, muitas vezes, mais
importantes e em maior destaque cênico que as do seu interlocutor. É a
disponibilidade desse ator para quem se fala, transformada em ações, que trará
possibilidades de leituras ao público, mantendo-o ligado à cena. Isso exige
estudo das falas dos demais e das intenções da sua personagem, seguido de um
trabalho de intenso de investigações das ações envolvidas.
A inquestionável atriz Vanessa Gerbelli em cena do musical
“Quase Normal” nos dá uma bela demonstração de preenchimento por ações de
resposta. Notem que ela segura as emoções da “mãe” contracenando sem apenas apreciar
seus parceiros de cena, mas provocando-os ao conflito que a cena exige. Esse
trabalho primoroso de ações permite que toda sua emoção venha à tona quando
começa a dizer seu texto cantado.
já me vi parado em cena esperando a ação do outro e confesso que é bem desconfortável , realmente não é interessante o público ver isso , afinal todos em cena tem que de fato estar em cena , participando , quando alguém canta ou fala algo vc tem que expressar reações , ou mesmo que a cena não seja diretamente para você , mesmo assim você esta La , e pode ter certeza que tem pessoas olhando para você também .
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