segunda-feira, 1 de setembro de 2014

AÇÕES DE RESPOSTA !!!

Num teatro essencialmente dramático, como é o musical, tudo se dá a partir das ações das personagens que ao se friccionarem criam tensões. Essas tensões podem ser desde amor verdadeiro ao ódio profundo, passando por tudo que há de intermediário e indo além. É neste local de tensão justamente que se dão as ligações da trama. Essas tensões, que já são dadas pelo texto, em cena são dilatadas pelas ações dos atores e pelas novas tensões por eles descobertas, criando uma outra e fundamental tensão: com o público.
Manter o público ligado a tudo que está acontecendo e ainda emocioná-lo é sempre o objetivo. Isso se dá a partir das ações. Estudar o texto e compreender todas as ações é fundamental. Todo trabalho do ator é sempre envolto em ações. Ações pscicofísicas, ações vocais, ações coreográficas, ações cênicas. Enquanto um ator está emanando seu texto (falado ou cantado) as ações pscicofísicas podem desenhar suas intenções e reforçar ou contradizer as ações vocais. Quero falar disso num outro post...
Vamos abordar aqui o trabalho daquele ator que não está proferindo texto (falado ou cantado), mas para quem o ator que diz algo direciona suas ações cênicas. Estou falando aqui de ações de resposta. Aquelas que concordam, reforçam, discordam, atenuam, confrontam, enfim friccionam com as ações emanadas por aquele que “diz” algo.
É muito comum assistirmos atores completamente imóveis diante de outro que está dizendo algo a ele. Isso esvazia a tensão entre eles e a tendência é que o público se desinteresse pela cena (já que a tensão com ele também é esvaziada). Mas é de extrema importância que todos estejam “vivos” em cena e sempre “preenchidos” por ações.
As ações daquele que escuta são, muitas vezes, mais importantes e em maior destaque cênico que as do seu interlocutor. É a disponibilidade desse ator para quem se fala, transformada em ações, que trará possibilidades de leituras ao público, mantendo-o ligado à cena. Isso exige estudo das falas dos demais e das intenções da sua personagem, seguido de um trabalho de intenso de investigações das ações envolvidas.

A inquestionável atriz Vanessa Gerbelli em cena do musical “Quase Normal” nos dá uma bela demonstração de preenchimento por ações de resposta. Notem que ela segura as emoções da “mãe” contracenando sem apenas apreciar seus parceiros de cena, mas provocando-os ao conflito que a cena exige. Esse trabalho primoroso de ações permite que toda sua emoção venha à tona quando começa a dizer seu texto cantado.




Um comentário:

  1. já me vi parado em cena esperando a ação do outro e confesso que é bem desconfortável , realmente não é interessante o público ver isso , afinal todos em cena tem que de fato estar em cena , participando , quando alguém canta ou fala algo vc tem que expressar reações , ou mesmo que a cena não seja diretamente para você , mesmo assim você esta La , e pode ter certeza que tem pessoas olhando para você também .

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